|Review| Os Eternos – Análise e Opinião

|Review| Os Eternos – Análise e Opinião

Confira a análise e opinião sem spoilers de Eternos da Marvel Studios. – O Taverneiro.

O filme estreou em 4 de novembro de 2021.

Possui 2 cenas pós-créditos


O longa dos Eternos apresenta a nova equipe de seres super poderosos do universo cinematográfico da Marvel através de diversos cenários e através dos séculos. Com um potencial gigantesco em mãos, mas será mesmo que esse potencial foi devidamente aproveitado?

A premiada diretora Chloé Zhao comanda o filme e dança através de linhas do tempo mostrando os personagens tanto nos dias atuais quanto através das eras da humanidade. Logo no começo do filme fica clara a intenção da diretora em intercalar a história entre momentos do passado e a trama principal, no presente. Embora esse recurso criativo seja muito bom para validar e dar profundidade aos personagens e às suas relações dentro das mais diferentes obras cinematográficas, aqui parece um pouco descompassada e sem ritmo.

O filme começa bem, mostrando brevemente os personagens e a sua missão na Terra, funcionando como uma espécie de flashback de origem e mostrando como eles acabaram aqui. Logo estamos nos dias atuais com estes seres superpoderosos vivendo entre nós – e para mim esse foi o melhor momento do filme, construção de uma personagem do inicio é excelente. Assim como o esperado , filmes de equipe geralmente são difíceis de criar vinculo entre quem assiste com todos os personagens, então um recurso muito utilizado é centrar as atenções e a historia em um desses personagens e fazer a historia fluir através dele – todos são protagonistas mas um deles é mais.

Se passam os primeiros 15 ou 20 minutos de filme e alguns problemas começam a aparecer. Apesar do espetáculo visual e conceitos interessantes, o longa é repleto de flashbacks que, por vezes, acabam nos tirando da trama principal, interrompendo a narrativa de forma brusca e sem adicionar profundidade ou empatia aos personagens mesmo a sua intenção ser essa – eu particularmente não me importei muito com nenhum dos personagens, talvez um pouco mais com Gilgamesh e Thena.

A tentativa de dar profundidade para a história acaba tirando o foco em desenvolver bem um personagem e fazer a história fluir através dele para mostrar a relação entre todos os personagens e acaba fracassando em criar apego emocional em quem assiste.

Apesar disso o filme conta com paisagens deslumbrantes e arrebatadoras pelas quais Zhao é conhecida, o que, por um lado é muito bom e nos mostra o quão forte é a influencia dos Eternos na humanidade com bastante variedade de cenários, mas por outro lado picota a narrativa e todo o clima de investigação que esta ocorrendo nos dias atuais para mostrar grandes planos da paisagem. As belas e únicas paisagens, são um verdadeiro espetáculo. – com exceção do clímax da história, que mais parece ser localizada em uma pedreira a lá ‘Power Rangers’, deixando um gosto amargo em uma história grande, abrangente rica em potencial mas com um tempo de execução curto.

Sobre a história de Eternos:

A história segue dez seres imortais conhecidos como ‘Eternos’ ao longo da história do planeta Terra enquanto eles lutam para proteger o planeta dos Deviants (basicamente são monstros assassinos, visualmente genéricos e com tentáculos – uma mer**). Sersi, Ikaris, Kingo, Sprite, Phastos, Makkari, Druig, Thena e Gilgamesh seguem sua líder, Ajak, em sua missão de servir ao Celestial Arishem. Cada Eterno possui o seu próprio conjunto de poderes únicos e, como toda boa família disfuncional, seus próprios dramas interpessoais. Embora nem todos tenham a mesma quantidade de tempo de tela, o filme conta com um elenco principal de dar inveja, com grandes nomes do cinema.

Assim como todo filme de equipe que começa sem filmes solos e toda uma preparação de terreno prévia, o filme é um grande desafio, hora tenta ser engraçado, hora tenta usar o drama como recurso de conexão e se esforça para tentar fazer com que nos importemos com os personagens e com suas relações. Em geral, até temos uma boa compreensão do temperamento e das motivações de cada um dos dez Eternos apresentados. Mas se há uma área em que a dinâmica da equipe falha, é na imortalidade dos personagens e na dinâmica entre eles, pois pecados graves são cometidos por alguns deles e todos os outros parecem rapidamente perdoar e esquecer. Talvez a mensagem seja pretendida seja: “não guarde rancor da sua família” – ou guardar rancor se torna chato depois de alguns séculos.

Muito do nosso tempo é gasto com Sersi (Gemma Chan), Sprite (Lia McHugh) e Ikarus (Richard Madden), com Sersi sendo a real protagonista aqui, enquanto o resto do tempo na tela é bem equilibrado entre os outros sete Eternos. Este é sem dúvidas o elenco mais diversificado da história da Marvel Studios e esse feito merece ser louvado, e um dos aspectos mais divertidos do filme é que, pelo tamanho do elenco, a sensação de sala cheia e família reunida é realmente interessante, com um personagem respondendo ou membro diferente da equipe independente do que esteja acontecendo na tela tela. Os personagens são muito distintos com suas próprias qualidades específicas. Thena (Angelina Jolie), Gilgamesh (Ma Dong-seok) e Kingo (Kumail Nanjiani) realmente se destacam dos demais em carisma.

A Marvel volta a pecar em sua fórmula, dessa vez os erros ficam escancarados com grandes piadas fora de hora, sem graça e uma trama interessante mas construída de forma estranha. Apesar disso a Disney levou à sério a representatividade no longa e é com Phastos de Brian Tyree Henry que vemos pela primeira vez um herói abertamente LGBTQ sendo desenvolvido com uma vida real, uma família amorosa sem tentar forçar a barra.

Introduz os Celestiais e expande o conceito cósmico dos filmes da Marvel mas peca em aproveitar o seu potencial.O Taverneiro

Apesar das muitas falhas, Eternos funciona como filme de performances e relacionamentos entre os personagens, quase como um estudo documental de uma família. Infelizmente isso não segura como filme de ação e aventura baseado em quadrinhos. Os conflitos e conexões com seres celestiais, e a relação complicada com a raça humana é realmente um assunto interessante. A grande escala dos aspectos galácticos da história é algo que todo fã de quadrinhos gostaria de ver nos cinemas, no entanto, uma vez que as coisas passam dos Deviantes e se tornam mais uma luta Celestial, a história começa a se despedaçar. Realmente não havia como ter sucesso aqui, com essa construção da história.

Talvez o filme funcionasse melhor se fosse dividido em duas partes, apesar de que o primeiro poderia ser fortemente criticado por parecer incompleto. Ou talvez Os Eternos poderiam ter sido aproveitados em uma série da Disney Plus, com mais tempo de tela para nos apegarmos aos personagens, para apresentar a história com tempo de nos importarmos com ela.

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Vale lembrar também que os uniformes dos personagens são horrorosos, é uma mistura de armadura com os uniformes de “O Legado de Júpiter” da Netflix, onde cada personagem usa uma cor com algumas modificações – Go Go Power Rangers. Seus poderes apesar de serem únicos e bastante distintos possuem o mesmo design visual, cor e no fim não se diferenciam tanto assim -talvez sejam todos parecidos devido à grande revelação do filme, mas mesmo assim poderiam ser mais inspirados.

Por fim, esses deuses complexos e complicados parecem os mais humanos dos heróis da Marvel e são realmente interessantes, mas não passa disso. Talvez seja pela diversidade de sua equipe, ou seus relacionamentos confusos que parecem não saber onde focar a história. O filme possui muitos altos e baixos, uma hora mostra paisagens e uma direção de fotografia lindíssima e inspirada, hora parece não se importar com elementos de composição. Hora parece se preocupar com a investigação por trás dos ataques dos Deviantes, hora se preocupa em mostrar o passado.

O Veredito

O potencial de Eternos era enorme. Séculos de histórias e uma equipe inteira de heróis muito diferentes um dos outros são condensados ​​em um filme visualmente deslumbrante e bem atuado. Os relacionamentos desses personagens complicados tentam se manter interessantes o quanto podem, mas a história perde o rumo quando muda para uma escala cósmica e falha em fazer nós nos importarmos com o futuro dos personagens. Talvez o filme funcionasse melhor com essa dinâmica de personagens se fosse um filme independente e não um filme dos Eternos.

Paisagens lindas e um elenco de dar inveja à qualquer diretor não foram capazes de segurar as pontas do filme e infelizmente a “Fase 4” da Marvel volta a repetir os mesmos erros cometidos em algumas das suas ultimas produções, dessa vez de forma escancarada. É um filme com boas intenções mas muitas ideias conflitantes e não sabe o que deseja ser.

Os Eternos é um filme com potencial imenso mas que não faz jus ao seu legado nos quadrinhos.


Nota do Taverneiro

OK

Avaliação: 2 de 5.

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